TECENDO SABERES AMBIENTAIS.
POR:Cristina Loures/Josete Rocha
Com o advento das necessidades do mundo moderno e de uma consciência cada vez mais distante de que o planeta é um lugar vivo, nos colocamos diante de um cenário em que a sociedade “vem arrancando os recursos naturais”, dando a importância cada vez mais aos bens de consumo como se tudo fosse infinito.
A contínua degradação do planeta Terra tem suas causas no intenso e descontrolado uso de seus recursos, na produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos que alteram os fluxos naturais de energia e matéria, e no efeito cumulativo de diferentes atividades humanas, as quais ao longo do tempo têm produzido modificações fundamentais que colocam em risco a sobrevivência de toda a vida no planeta e a da espécie humana. (TUNDISI, 2008, p. 7).
Neste sentido, a educação se torna uma atividade prática necessária a convivência de todos os seres humanos,é através dessa atividade que os seres se transformam, verdadeiramente humanos. Tornar-se humano significa estar integrante de um processo civilizatório de continuidade e de permanente construção e transformação.
Logo podemos afirmar que a educação é essencial para a existência das sociedades, pois não há sociedade sem educação e nem educação sem sociedade.
Quando nos referimos à prática educativa não estamos apenas situando à instituição escolar. A prática educativa acontece em todos os espaços culturais e sociais. Toda essa prática faz parte de um conjunto de hábitos, de modos, de atitudes e de acordo com contextos e realidades da cultura de um povo.
Se a educação é uma prática social que tem a finalidade de humanizar as pessoas num processo de continuidade, torna-se então fundamental que essa prática seja mediada, orientada e conduzida a partir de uma teoria: a Educação Ambiental.
Educação Ambiental é um permanente e contínuo processo de mudança e transformação de valores e atitudes de caráter individual que busca atingir toda a coletividade, com vistas à convivência com o planeta.
Dessa maneira,a Educação Ambiental não se restringe ao ensino de ecologia e ao ensino de ciências, e também não se caracteriza como doutrinamento para modificar comportamentos ambientais predatórios. O que temos hoje, por parte daqueles que têm uma concepção mais crítica de educação ambiental, é a ideia de que é um processo de construção da relação humana com o ambiente, onde os princípios da responsabilidade, da autonomia, da democracia, entre outros estejam sempre presentes. (TOZONI-REIS, 2002).
Por essência da prática educativa, a educação ambiental é concebida como prática política, que deve partir do indivíduo para atingir a coletividade. Sem ela não será possível entender as relações sociais e tampouco a sociedade poderá se organizar para agir para uma qualidade de vida satisfatória à harmonia do planeta.
Neste sentido,a ONG Ecofuturo e a Empresa de Celulose Suzano em parceria com o município de Prado-BA,implantou o programa “Tecendo Saberes Ambientais” . Uma iniciativa destinada aos professores e alunos da rede pública de ensino, e tem como objetivo estimular a reflexão sobre a importância das estratégias para a conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
Após as fases iniciais do programa, que envolvem articulação com o poder público, diagnóstico participativo e mobilização da comunidade escolar, foram iniciados os encontros de formação, coordenados pela ONG Ecofuturo. O objetivo dessa etapa, que reuni cerca de 120 educadores, é incentivá-los a criar contextos de aprendizagem que contemplem os elementos da natureza, estimulando o desenvolvimento de projetos educacionais de forma interdisciplinar, que contribuam para a conscientização sobre a importância do cuidado com o meio ambiente e o potencial educador da natureza.
Os encontros ocorrem em diferentes locais do município, com formações em cinco módulos, que incluem palestras com conteúdo técnico e conceitos sobre Educação Ambiental e o desenvolvimento de projetos socioambientais, entre outras atividades. Ao final, as ações implementadas com os alunos serão reunidas em um dossiê e apresentadas durante um evento no fim do ano letivo.
O programa permitirá que os educadores desenvolvam novas formas de trabalhar questões ambientais dentro e fora da sala de aula e que possam adaptar esse tema ao contexto do município, com o intuito de aproximá-lo à realidade dos alunos.
Criar espaços de diálogo sobre conservação e sustentabilidade na comunidade escolar é fundamental para que os estudantes se tornem mais conscientes sobre a necessidade do cuidado com a natureza e a biodiversidade, e do estreitamento dos vínculos com ambientes naturais”, afirma Paulo Groke, diretor de Sustentabilidade do Ecofuturo.
No mundo em que vivemos onde as práticas sociais estão cada vez mais voltadas à dependência do consumo e da maior importância material, os valores humanos acabam ficando esquecidos como se fossem meramente transitórios. Neste contexto a educação ambiental deve despertar em cada indivíduo à concepção de sujeito capaz de atuar na mudança de atitudes diante da sua realidade. É aí que destacamos a educação ambiental como consciência crítica e transformadora.
Não podemos esquecer de que todos nós somos elementos de uma transformação contínua e historicamente somos dinâmicos na medida em que assumimos o papel de intervenção social. Todas as ações que executamos ou que deixamos de executar no mundo em que vivemos tem um importante papel de alteração do ambiente, no todo ou em parte dele.
Machado (2008) destaca que,"Alterar o ambiente é alterar espaço e comunidade. Neste sentido, todo trabalho ambiental é também social.
O que faz uma sociedade se mover não é somente a questão das mudanças no espaço físico ou na utilização dos recursos naturais. O que move a sociedade são as intervenções e as relações humanas, capazes de transformarem o espaço e a consciência de cada indivíduo, de cada povo e particularmente na formação de um sujeito consciente de seus atos e atitudes.
Tratar da dimensão de uma consciência crítica dos atos e atitudes de cada indivíduo é considerar que a Educação Ambiental é o cerne das questões da educação nos dias de hoje. Se a sociedade não tem a consciência necessária à proteção do meio em que vivemos ou esquecemos de elencar valores para preservá-la, então, só nos resta tomarmos medidas profundas capazes de agir no íntimo de cada ser para que possamos entender as necessidades de aprendermos a conviver harmonicamente com o meio onde estamos inseridos.
Não adianta chorar a árvore derrubada. Lágrimas não purificam o rio poluído. Dor ou raiva não ressuscita os animais. Não há indignação que nos restitua o ar puro. É preciso ir a raiz do problema, tentar entender por que o homem cava a sua própria sepultura degradando o meio ambiente (CHIAVENATO, 1981:5)
A citação de Chiavenato nos leva a uma reflexão de que devemos ser solidários e conscientes diante da natureza. Ser solidário, não basta apenas reclamar ou lamentar,exige compreensão, decisão, tomada de atitudes e acima de tudo uma intervenção prática e ética diante da vida.
Referências
TUNDISI,JoséGalizia. Irnacional deEcologia, São Carlos-SP, 2008.
TOZONI-REIS, M.F.C, Formação de Educadores Ambientais e paradigmas em transição. Ciência e educação. V8, n.1, 2002)
MACHADO, Carly. Educação Ambiental Consciente. 2. Ed. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2008
LEFF, Enrique. Saber Ambiental, Petrópolis, RJ, 2001.
http://www.aberje.com.br/ecofuturo-e-suzano-anunciam-a-realizacao-de-programa-de-educacao-ambiental-em-prado/.Disponível em:22 de fevereiro de 2019.Acesso em 06 de junho de 2019.










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